Enlutado por Suicídio: Preparando-se para o Setembro Amarelo
Estamos no mês de agosto e mais um setembro amarelo está chegando. Todo ano, o setembro amarelo chega e o assunto do suicídio recebe grande foco na mídia. Durante todo mês de setembro a sensação é que o suicídio esta em todos os lugares, assunto central de psiquiatras, psicólogos, escolas, empresas… Pessoas andam com lacinhos amarelos na roupa, vestem roupas amarelas, fazem caminhadas, monumentos são iluminados com a cor amarela… Profissionais ligados à saúde mental e emocional já estão se preparando para as ações da campanha do setembro amarelo… Mas e para você sobrevivente enlutado por suicídio? Como você está se sentindo nesse período que antecede mais um setembro? Você também está se preparando para o mês?
No Brasil a campanha do setembro amarelo começou em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) objetivando conscientizar sobre o suicídio, associando a cor amarela ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio que ocorre em 10 de setembro.
O assunto “suicídio” continua tabu, mas ao menos durante setembro se fala de forma mais aberta sobre possíveis causas e formas de prevenção. O slogan da campanha é “falar é a melhor solução” e o objetivo é diminuir cada vez mais o tabu para que as pessoas em sofrimento e que pensam em suicídio não se sintam envergonhados a pedir ajuda, enquanto quem recebe o pedido de ajuda saiba como pode ajudar. O foco é na conscientização sobre o assunto e a prevenção. Mas e quando o suicídio já aconteceu?
Existe um enorme grupo, os sobreviventes enlutados por suicídio, pessoas que perderam alguém próximo para o suicídio… são familiares, amigos, colegas de trabalho, e até mesmo profissionais de saúde que tratavam pessoas com ideação suicida, e que ficaram para lidar com a perda e todos os sentimentos desse luto complexo. Essas pessoas são consideradas um dos grupos de risco para cometer suicídio, mas mesmo assim recebem pouca atenção durante a campanha do setembro amarelo. Pelo contrário, os sobreviventes enlutados por suicídio podem enfrentar ainda mais questionamentos e ainda sentir mais culpa durante o mês de setembro. Frases como “90% dos suicídios podem ser prevenidos”, repetidas a exaustão, podem ser muito dolorosas para o enlutado, que se sente o foco das atenções e de questionamentos sobre como não percebeu nada se aparentemente dá para evitar grande parte dos casos?
Considerando tudo isso o sobrevivente enlutado por suicídio pode precisar de mecanismos para se preparar para passar por mais um setembro amarelo. Alguns enlutados que já estão de luto a mais tempo podem estar mais fortalecidos e aproveitam o setembro para conscientizar também sobre o luto por suicídio e auxiliar outros enlutados. Enquanto outros enlutados que viverão o primeiro setembro amarelo como enlutados por suicídio podem precisar de mecanismos de enfrentamento a mais para passar por esse mês sem sofrer ainda mais no seu luto. Grupos de Ajuda onde pode compartilhar vivências com outros enlutados, afastamento das redes sociais e psicoterapia são algumas ações que podem ajudar a enfrentar o setembro amarelo.
Enlutado: lembre-se que Você não está Sozinho!
Virág Venekey – Sobrevivente, enlutada pelo irmão (@depoisdodiaz) – Fundadora da ABRASES
