E agora?
Suicídio. Desespero. Incredulidade. Estou sonhando, vou acordar. Choro compulsivo. Chamo os bombeiros. Ele não ressuscita. Vou para o hospital, o fio de esperança é cortado. Ele está morto. E agora?
IML. Horas de espera andando de um lado para o outro. Crises de choro dificultam o raciocínio. A moça da recepção vem até mim e me entrega um cartão de visitas: você precisa de uma funerária. Ligo. Recebo um papel amarelo e uma orientação: sem o atestado de óbito ele não poderá ser enterrado. Volto para casa. Terra arrasada. Remédio para dormir. Último pensamento de que me lembro: e agora?
Amanheço no cartório. Fila na rua. Dia como qualquer outro e eu sou um outro qualquer. Pego o atestado, mando para a funerária. Vou para o cemitério. Velório. Enterro. E agora?
Luto por suicídio é único, incomparável. O ideal é que o suporte às famílias enlutadas comece a partir da primeira vez em que se perguntam “e agora?”. E continue durante todos os “e agora?” que certamente virão nos dias, meses e anos que se sucedem. Que o apoio seja incessante até que os sobreviventes conquistem um novo equilíbrio em suas vidas.
Foi para isso que a ABRASES nasceu. Queremos ser o marco definitivo entre o antes e o depois; entre o antes solitário, confuso, perdido, desesperado e o depois igualmente triste, porém suportado pela experiência dos que já viveram a mesma agonia, os estudos de especialistas dedicados, o amor de quem tem compaixão.
E agora? Esperamos que, em breve, a resposta seja simples: agora tem a ABRASES.
Sergio Arruda – Pai Enlutado – Fundador da ABRASES
2 comentários em “E agora?”
Dois filhos meus se foram num intervalo de 6 meses
Sinto muito Jandira.
Caso queira conversar sobre, temos alguns grupos de acolhimento ao luto que poderão te dar suporte nesta difícil caminhada.
https://abrases.org.br/grupos-de-apoio/
Um abraço.